sábado, 12 de fevereiro de 2011

CENA MUSICAL PE

Bom dia, bravos!

Observando a cena musical em PE de longe, aproximadamente 3000km, devo considerar que não vejo com grande satisfação o rumo que está tomando a música no meu querido Estado. Nada contra a massa, onde encontramos com mais evidência nas periferias da cidade, consumidora assídua da nova música pop pernambucana: brega. Pelo que me consta, o brega surgiu aqui em Recife paralelamente com a ascensão de Joelma e Chimbinha(dupla da famosa banda internacional Calypso), onde influenciou bastante as bandas vanguardistas da época em investir no pop “artístico” oriundo do Pará. Pois bem, com apelo bastante popularesco, onde bailarinos com coreografias sexuais e músicas que até simulavam orgasmo, o brega começou a ganhar força na mídia local e se firmar como o grande movimento musical pop dos últimos tempos. Assim como o axé está para BA, o brega é tão pernambucano quanto o frevo e olhe que se brincar, ele pode até ser considerado o grande ritmo vigente do Estado.

Para termos com exatidão da força desse fenômeno, e quero deixar bem claro que não tenho nada contra, mas nada a favor, é certo que a dita classe média, sempre culta e omissa aos apelos do subúrbio, já aderiu ao brega e seus desencontros afetivos expostos através de suas letras pinçadas do vocabulário suburbano coloquial. Mas isso não é feito isolado de Recife. Já aconteceu no Rio com o funk, em Salvador com o pagode, no Pará com o tecnobrega. Como meio de comunicação para o resto da sociedade, na qual são excluídos pela disparidade econômico-social que separa a maior parte da população do pequeno grupo dito formador de opinião, onde tal grupo renega a opinião daqueles que não com a intelectualidade, mas com racionalidade se mostra e criam maneira mais original de expressão e a música é um desses canais, acho veemente a coragem de exposição pela vulgaridade. A arte na sua forma capitalista tem sido imposta de maneira banal e radical em cima daqueles que infelizmente tem medo, fraqueza ou não sabem distinguir o que realmente vai acrescentar para o amadurecimento emocional e intelectual, fazendo que suas escolhas passem a ser de forma racional e coerente, havendo uma identificação mais ampla entre os seus participantes, causando uma harmonia entre criador e criatura onde realmente a massa terá mais efeito na sua comunicação entre os diversos corredores da sociedade.

A música dita pop que nesse caso se junta à popularesca nunca irá deixar de existir e nem deve. Creio no seu desempenho incentivador do som. A música popular na sua essência é um grito de manifestação artística do povo, onde se coloca nos acordes, letras que venham expressar diversos desejos, sonhos, ideologias de uma cultura democrática. O que não se pode permitir é essa inversão de valores da arte. Arte e comércio andam juntos, agora fazer dessa parceria uma forma de obstrução da intelectualidade alheia, isso é outro tipo de comércio, que a meu ver não há nada de democrático.

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